terça-feira, 23 de junho de 2009

Girassol


[...]
Gira, gira, girassol
Um girassol
nos teus cabelos
Batom vermelho
Girassol
[...]

Ele não conseguiu esconder. Era a verdade. O tom vermelho de sua mentira era encantador. E ela vinha em sua direção. Ruborizando seus sentimentos, adoecendo seu coração. Era intensa, era a cor da paixão. Eles foram um para o outro o mundo escondido que eles queriam eternizar. Eles sorriram e a troca de olhares fez o samba mais doce, a melodia mais encantadora. Eles se deram as mãos e foi o que bastou por alguns instantes.

Mas de repente, havia uma mão segurando a outra e não era a dele. Havia um lábio beijando o outro e não era o dele. O que aconteceu? Ele se perguntava.

E sua doce mentira o jogou ao samba mais triste. A alegria dela rodopiava a noite inteira em sua frente e foi uma elegia que ele cantou. O vermelho de sua boca era dava o tom da brevidade.

Ele sentia o abandono mais fugaz de sua vida. Um menino que sempre fora, pulsava em sua alma. Sentia como um filhote sem abrigo a dor amarga da despedida. Queria voar e encontrou a gravidade do desespero. Nada mais podia uni-los.

Os sinos entoavam o final da encenação. E o desiludido espectador aplaudia a própria angústia. Apenas uma mão acenava sem querer ir embora. Era apenas o seu olhar que seguia o coração que se distanciava e levava consigo a outra parte da história, que parecia que nunca mais iria ser contada.

Foi um adeus longínquo. Horas olhando o fim de seu tempo, sem esperanças. Uma fé perdida entre os dedos das mãos que não se tocavam mais.

[Simone Venske - Coração Sonhador]